Visto do céu...




Da janela vejo aproximarem-se as luzes curvilíneas das estradas e assomarem-se os telhados cheios de neve…
A semi penumbra está ainda iluminada por um sol vermelhão que já se esconde à retaguarda do avião.
Não há nada mais belo que chegar de noite a uma cidade acolhedora.
Aumenta, como numa lente, a proximidade de casas e luzes, estradas e vislumbres de vida.
Tremeluzem as iluminações, nas ruas movimentam-se os carros.
As pessoas estão, por enquanto, invisíveis ao olhar mas a sua presença está em tudo pressuposta.
Já o sol se esconde definitivamente e o breu da noite aumenta na mesma proporção em que se aproxima o solo.
Curvas na estrada, porque iluminadas, parecem súbitos rios de luz, abrindo a terra que durante o dia parece tão sólida… De noite, basta um rio de luz para saciar esta sede de beleza, esta busca interior que no olhar se projecta.
Todos os pequenos ruídos do avião são familiares: as diferentes modulações dos motores, os travões, o ruído abrupto dos pneus que saem, as asas cujos flapes já se agitam, na expectativa do reencontro terrestre. E sempre as esteiras de luz, abaixo, assinalando o caminho.
As pessoas dormem ou entretêm-se a ler.
Poucas aproveitam a paisagem nocturna para se espraiarem no SER…
Nunca saberei explicar o fenómeno das cidades humanas, aglomerações palpitantes de vida, inapercebidas da maior parte.
Nunca como em Otava ou em Tóquio se apossou de mim essa sensação de mero espectador ante uma “humana colmeia” fervilhante de actividade. E no entanto, o género humano carrega a sua humanidade para onde quer que vá, da grande metrópole à mais pequena aldeia…
Aí, no alto de uma montanha, pode-se ouvir o mesmo zumbido impalpável que surge no silêncio frio da noite e nos abre ao infinito.
Com um solavanco, as rodas do avião contactam o chão. Aterrámos.
(Aterragem, 26 Janeiro 2010).
Isabel
(Fotos de Isabel)
16 Comments:
Muito belo este texto e fotos.
Obga. pela partilha.
Forte abraço
Mer
Lindo tudo por aqui e que bomte ver!beijos,chica
Uma Alma em crescimento, quem pode assim olhar a Humanidade, sendo dela parte e parcela, mas ganhando o seu lugar numa nova perspectiva.
Um abraço
Queridas Amigas Mer, Chica e Liliana,
A vossa presença neste espaço é sempre uma grande alegria.
A Isabel tem imensos textos reflexivos como este. E saem-lhe como a água duma nascente.
Obrigado pela vossa visita.
José António
Bom dia!!!
Belo texto amados.
Um beijo grande.
Que lindas imagens! Beleza pura Precisamos acostumar nossa mente e aquietá-la com a beleza que sempre é doada pela natureza.
Re-educamos nosso olhar e modificamos a alma.
Que Deus abençoe vocês, Izabel e José Antônio.
Grande e afetuoso abraço
Vim dar mais uma olhadinha e te desejar um feliz dia e um beijo grande.
Bom diaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.
Vim agradecer a visita,fiquei muito feliz.
Um encanto de comentário deixaste na minha concha.
Mil beijos.
Isabel e José,obrigado por tão singelo poema.
Ñ fazes idéia do bem q me fazes ao ler palavras tão belas.
Curamos feridas vocês sabiam!!!Ando sensível por demais e este comentário chegou no momento certo rs.
Obrigado pelo presente ameiiiiiiiii.
Deus os abençõe.
Beijos e uma linda noite.
Olá Amiga Pérola,
Ainda bem que o poema serviu para alguém o sentir de forma significativa.
Um grande abraço
José António
Querida Amiga Norma,
Obrigado pela visita.
As fotos foram tiradas pela Isabel através da janela de um avião, já que estava a bordo do mesmo a voar.
Um grande abraço
José António
Lindo seu blog...Adorei estar aquí!!!
Voltarei sempre, com certeza...
Cara Amiga Patrícia,
Obrigado pela sua visita.
Volte sempre que queira e será sempre muito bem vinda.
Também a visitaremos.
Um abraço
José António
Saudades doceis rs.
beijokas.
Uma Santa Páscoa vos desejamos.
Abraço
Mer e família
Desconfiei...e é realmente sois vós que estais a passar por estes momentos tão difíceis.
Deus vos acompanhe e vos dê a força necessária; física e mental/espiritual, para os dias que estão a viver.
Um forte abraço
Mer e família
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